12 de março de 2009

Incerteza de Século

Mundo sujo de impiedade, mas querem lamber o chão por onde passam. Escrever agora é salvação, fazer-me entender é besteira. Muitos estão agonizando, então respiro e morro por eles. A preocupação comum entre todos é saber se o astro passou ou caiu, e as mães incubadas de desespero ainda estão esperando um órgão para o caçula.
Minha mente não descansa, começa a nascer um ódio puro e amoroso em meu peito, todos cegos com as lanças enfiadas para criticar um engajado discurso humanitário solitário, ilusório? Só queria dizer que tudo está errado, que as pessoas esqueceram das teorias, das artes, dos seres em comum, do carinho emanado inconscientemente e mal encaminhado para as obras civis em construção.
Meus filhos estão pré-dispostos a serem monstros iguais a vocês? Lágrimas no quarto, no canto, no encanto desajeitado de meus dedos que digitam, trêmulos, as palavras de um testamento surrealista. E ainda existem céus cobertos por nuvens vermelhas, e ainda existem homens a espera de chuva limpa para plantio de vergonha na cara.
E seus filhos estão pré-dispostos a serem poetas vadios, pensadores desocupados, sonhadores esquizofrênicos, porém, certos de vivacidade e coerência política?
Mundo sujo de impiedade, mas querem lamber o chão por onde passam.


By Camila Passatuto

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