19 de junho de 2009

Falando de Cultura

Não queria me preocupar e nem usar de minhas palavras para criticar, mas é inevitável. Percorre aqui por perto um insano calor de lucro, percorre um ingresso, escorre a falsa cultura de massas.
Theodor Adorno já desenvolveu e eu suplico por aqui, por aí e então nos perdemos na doce e insensata ilusão de consumo liberto, de escolhas livres, de cultura espontânea e para todos.
Não quero me mostrar avessa ao império do rei dominante, não quero ir para a masmorra e nem ser humilhada pelos seus alienados. Não quero causar discussão e rancor nos que não podem ver, nem quero provar o gosto amargo da direita de suas línguas. Quero apenas a liberdade conquistada de poder escolher o produto cultural que desejo consumir, quero que o meu povo possa também, e não a alforria cedida e industrializada, comercial e falsa.
O nosso cansado capitalismo não deixa, ele industrializa a nossa cultura. Nossa?
O nosso cansado capitalismo diz que podemos livremente escolher o produto cultural que queremos para nos saciar. Pai, como pode me dizer isso? O meu povo não é livre para isso, pois você não deixa. Nos dá a promessa de liberdade, mas depois nos aliena com a proposta de elite cultural. Enquanto poucos comparecem com o valor para consumir o fruto saboroso, para o meu povo é jogada a laranja podre e barata, as únicas que o seu dinheiro é capaz de comprar.
Depois, oh, falam que meu povo não tem capacidade cultural suficiente para ser alvo de orgulho, mas você , doce sistema de face rigorosa, você meu capitalismo...você tira a possibilidade, engana e humilha. Seus filhos que obtém o poder são amargos, são rudes, desumanos e orgulhosos. Mas o meu povo é doce, é manso em sua essência, honesto e esperançoso. Sanguinário quando a ordem é luta, mas ainda há muito amor que envolve suas lutas. Talvez desejem minhas palavras, talvez amem você, meu capitalismo doce, mas seus filhos alienados consomem o meu povo, tiram dele a possibilidade desde criança. Depois o humilham e cobram por sua humildade cultural.
Eu não entendo, sei que está em crise e com medo, tudo tem um fim e o seu está chegando. Sistemático e socializado é assim que você deseja ser, mas seus filhos o corrompem.
Hilárias propostas, os sonhos publicitariamente impostos nessas cabeças. E sem desviar a atenção para o meu assunto principal, fecho isso com a seguinte pergunta: Quem é realmente livre em suas escolhas quando há o ato de impor o que é e o que não é? Quem é liberto o bastante para não ter e possuir? Que sistema econômico poderá nos igualar culturalmente? O capitalismo já se mostrou falho nisso, quando transforma cultura em mercadoria com preço injusto.
Liberalismo falso demais para essa minha alma cheia de verdades. Amém.

By Camila Passatuto






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